ah...quem dera!

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Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último.
O último pra esquecer tolices.
O último para ignorar o que, no fim das contas, não tem a menor importância.
O último para rir até o coração dançar.
O último para chorar toda dor que não transbordou e virou nódoa no tecido da vida.
O último para aprontar todas as artes que a emoção quiser.
O último para ser útil em toda circunstância que me for possível.
O último para não deixar o tempo escoar inutilmente entre os dedos das horas.
Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último.
O último para me maravilhar diante de cada expressão da natureza com o olhar demorado de quem olha ela primeira vez.
O último para ouvir aquela música que acende sóis por toda a extensão da minha alma.
O último para ler, de novo, o poema que diz tanto de mim que eu me sinto caber nos olhos do poeta que o escreveu.
O último para desembaraçar os fios emaranhados dos medos que me acompanham.
Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último.
Eu não perderia uma chance para me presentear com os agrados que me nutrem.
Eu criaria mais oportunidades para dizer o meu amor.
Para expressar a minha admiração.
Para destacar para cada pessoa a beleza singular que ela tem.
Para compartilhar.
Eu não adiaria delicadezas.
Não pouparia compreensão.
Não desperdiçaria energia com perigos imaginários e com uma série de bobagens que só me afastam da vida.
Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último, porque pode ser.

Ana Jácomo.

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