A Senhora

Como quem não quer nada, apenas voltar para casa depois de um curso no centro da cidade, lá vou eu rumo a segunda condução, embrulhos e sacolas, contente é ..estava, apenas um pouco cansada,mas tudo bem a julgar que não faço mais essa viagem com constância, estou um pouco "mole" digamos, a descer degrau a degrau da passarela, pingos de uma chuva que não veio, caem no meu rosto, pessoas apressadas e outras que até nem pareciam entender para onde iriam passam por mim, sobem, descem e assim vou caminhando em direção ao meu ônibus, quando paro e penso, vou de van, essa van já aqui paradinha parecia até me esperar, olho o veículo, bancos traseiros vazios, mas me chama atenção os da frente, ali sentada uma senhora, abro a porta, entro, sento e me ajeito, ela se mostra receptiva e sorridente, com olhos de calma e tempos de luta, expressões cansadas, rugas , óculos de hastes marrons, magrinha, muito simpática já de início, retribuiu o meu boa tarde com sorriso nos lábios, fez questão de segurar um de meus embrulhos, quando eis que o motorista resolve dar a partida... e logo iniciamos um dialogo, eu e a senhora, ora o trânsito ora as obras daquele lugar, o papo foi seguindo junto com a pequena viagem, em determinado momento eis que a senhora pede para descer, ao sair ela me agradece, eu por certo fiquei imaginando ... eu quem deveria tê-la agradecido, me ajudou a segurar um de meus embrulhos e nem me fez sentir o tempo passar com tão meigo e acolhedor sorriso.
Eis que a senhora desce e eu lhe retribuo o obrigada com um boa tarde caloroso, despedimos e a van vai se distanciando da senhora, o trânsito vai no mesmo compasso que os passos dela, sem se distanciar muito ela anda quase que ao lado da van na calçada a vejo pegar uma flor amarela, ao retirar a flor do pequeno arbusto, olha e a admira, sente seu perfume, nesse exato momento a senhora olha para a van, buscando encontrar meu rosto, que já a acompanhava, ao me ver ela beija a flor e me sorri. E eu sorri também, não apenas só para ela mas para mim também, internamente me senti sorrindo por dentro.
(Andréia Lima) postado no Recanto das Letras.